ORGANICISMO: A TENDÊNCIA ARQUITETÔNICA DA PRIMEIRA METADE DO SÉC XXI

A MARCA MAIS IMPRESSIONANTE DA ARQUITETURA ATUAL É O FATO DE O EDIFÍCIO PARECER MAIS ALGUMA COISA SAÍDA DO REINO ANIMAL OU VEGETAL. O OBJETIVO DOS ARQUITETOS AO TENTAR REPRODUZIR AS LINHAS IRREGULARES DAS FORMAS ORGÂNICAS NÃO É A FUNCIONALIDADE. BUSCA-SE CRIAR ALGO TÃO EXTRAVAGANTE QUE SEJA DIFÍCIL OLHAR PARA A CONSTRUÇÃO COM INDIFERENÇA.

ESSE USO DE MODELOS DA NATUREZA NA ARQUITETURA RECEBE NOMES COMO BIOMORFISMO, ZOOMORFISMO OU NEO-ORGANICISMO. E CARACTERIZA-SE PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO DO TRAÇO, PELA INTERVENÇÃO URBANA RADICAL E POR UM BOCADO DE ROMANTISMO NAS FORMAS.

MUITAS VEZES A ESCOLHA DE UMA FORMA ORGÂNICA NÃO É INTENCIONAL. MAS, COMO O ARQUITETO USA LINHAS IRREGULARES, É COMUM QUE SUA OBRA SE ASSEMELHE A UM ELEMENTO DA NATUREZA", ATESTA O CRÍTICO INGLÊS HUGH ALDERSEY-WILLIAMS, AUTOR DO LIVRO 'ZOOMÓRFICA: UMA NOVA ARQUITETURA'.

A OBRA QUE MELHOR TRADUZ A TENDÊNCIA É O MUSEU GUGGENHEIM PROJETADO POR FRANK GEHRY PARA BILBAO. INAUGURADO EM 1997, AS PLACAS DE TITÂNIO QUE REVESTEM A FACHADA LEMBRAM PÉTALAS OU ESCAMAS DE PEIXE. OUTRO EXEMPLO: A CASA DE CULTURA DE GRAZ (2003) QUE, COM SUA FORMA AMEBÓIDE DESTOANTE DO ENTORNO BARROCO , VIROU A PRINCIPAL ATRAÇÃO DA SEGUNDA MAIOR CIDADE AUSTRÍACA.

TRATA-SE DE UMA REPETIÇÃO DA REVOLUÇÃO PELA QUAL PASSOU A ARQUITETURA NO FIM DO SÉC XIX, QUANDO O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS MATERIAIS E TÉCNICAS MAIS BARATAS E FLEXÍVEIS DE CONSTRUÇÃO - COMO O FERRO, O AÇO, O CONCRETO ARMADO E O VIDRO - PERMITIU EDIFICAÇÕES DE FORMAS MAIS LIMPAS.

AGORA, OS NOVOS MATERIAIS SÃO O TITÂNIO (QUE TEM A CONSISTÊNCIA DO AÇO E A LEVEZA DO ALUMÍNIO), A FIBRA DE CARBONO, RESINAS E OUTROS PRODUTOS SINTÉTICOS. SÃO FÁCEIS DE MOLDAR EM FORMAS IRREGULARES, O QUE RESULTA EM LIBERDADE DE CRIAÇÃO. OUTRA NOVIDADE SÃO OS PROGRAMAS CAPAZES DE REALIZAR CÁLCULOS ESTRUTURAIS EM TRÊS DIMENSÕES. COMO ELES É POSSÍVEL TRANSFORMAR EM REALIDADE PROJETOS QUE ANTES SERIAM IRREALIZÁVEIS.